(ENEM PPL - 2016) Pedra sobre pedra Algumas fazendas gachas ainda preservam as taipas, muros de pedra para cercar o gado. Um tipo de cerca primitiva. No h nada que prenda uma pedra na outra, cuidadosamente empilhadas com altura de at um metro. Engenharia simples que j dura 300 anos. A mesma tcnica usada no mangueiro, uma espcie de curral onde os animais ficavam confinados noite. As taipas so atribudas aos jesutas. O objetivo era domar o gado xucro solto nos campos pelos colonizadores espanhis. FERRI, M. Revista Terra da Gente, n. 96, abr. 2012. Um texto pode combinar diferentes funes de linguagem. Exemplo disso Pedra sobre pedra, que se vale da funo referencial e da metalingustica. A metalinguagem estabelecida
(ENEM PPL - 2016) Revoluo digital cria a era do leitor-sujeito Foi-se uma vez um leitor. Com a revoluo digital, quem l passa a ter voz no processo de leitura. At outro dia, as crticas literrias eram exclusividade de um grupo fechado, assim como em tantas outras reas. Agora, temos grupos que conversam, trocam, se manifestam em tempo real, recomendam ou desaprovam, trocam ideias com os autores, participam ativamente da construo de obras literrias coletivas. Isso um jeito novo de pensar a escrita, de construir memria e o prprio conhecimento, analisa uma professora de comunicao da PUC-MG. A secretria Fabiana Arajo, 32, uma leitora-sujeito, como Daniela chama esses novos atores do universo da leitura. Leitora assdua desde o final da adolescncia, quando foi seduzida pela srie Harry Potter, s neste ano j leu mais de 30 ttulos. Suas leituras no costumam terminar quando fecha um livro. Fabiana escreve resenhas de ttulos como Estilhaa-me, romance fantstico na linha de Crepsculo, publicadas em um blog com o qual foi convidada a colaborar. Escrever sobre um livro uma forma de rel-lo. E conversar, pessoal ou virtualmente, com outros leitores tambm, defende. FANTINI, D. Jornal Pampulha, n. 1138, maio 2012 (adaptado). As sequncias textuais At outro dia e agora auxiliam a progresso temtica do texto, pois delimitam
(ENEM PPL - 2016) O mistrio do brega Famoso no seu tempo, o marechal Schnberg (1615-90) ditava a moda em Lisboa, onde seu nome foi aportuguesado para Chumbergas. Consta que ele foi responsvel pela popularizao dos vastos bigodes tufados na Metrpole. Entre os adeptos estaria o governador da provncia de Pernambuco, o portugus Jernimo de Mendona Furtado, que, por isso, aqui ganhou o apelido de Chumbregas - variante do aportuguesado Chumbergas. Talvez por ser um homem no muito benquisto na Colnia, o apelido deu origem ao adjetivo xumbrega: coisa ruim, ordinria. E talvez por ser um homem tambm da folia, surgiu o verbo xumbregar, que inicialmente teve o sentido de embriagar-se e depois veio a adquirir o de bolinar, garanhar. Deduo lgica: de coisa ruim a bebedeira e atos libidinosos, as palavras xumbrega ou xumbregar chegaram aos anos 60 do sculo XX na forma reduzida brega, designando locais onde se bebe, se bolina e se ouvem cantores cafonas. E o que inicialmente era substantivo, msica de brega, acabou virando adjetivo, msica brega - numa j distante referncia a um certo marechal alemo chamado Schnberg. ARAJO, P. C. Revista USP, n. 87, nov. 2010 (adaptado). O texto trata das mudanas lingusticas que resultaram na palavra brega. Ao apresentar as situaes cotidianas que favoreceram as reinterpretaes do seu sentido original, o autor mostra a importncia da
(ENEM PPL - 2016) A pintura Napoleo cruzando os Alpes, do artista francs Jacques Louis-David, produzida em 1801, contempla as caractersticas de um estilo que
(ENEMPPL - 2016) Como se vai de So Paulo a Curitiba (1928) Os tempos mudaram. O mundo contemporneo pulsa em ritmos acelerados. Novos fatores revelam convenincia de outros mtodos. Surgem, no decurso dos nossos dias, motivos que nos convencem de que cada municpio deve levar a srio o problema da circulao rodoviria. Para facilitar a ao administrativa. Para uma reviso das suas possibilidades econmicas. Ritmo de ruralizao. Costurar o pas com estradas alegres, desligadas de horrios. Livres e cheias de sol como um verso moderno! BOPP, R. Poesia completa de Raul Bopp. Rio de Janeiro: Jos Olympio; So Paulo: Edusp, 1998 (fragmento). Nos anos de 1920, a necessidade de modernizar o Brasil refletiu-se na proposta de renovao esttica defendida por artistas modernistas como Raul Bopp. No poema, o posicionamento favorvel s transformaes da sociedade brasileira aparece diretamente relacionado experimentao na poesia. A relao direta entre modernizao e procedimento esttico no poema deve-se correspondncia entre
(ENEM PPL - 2016) O texto sugere que a mobilidade uma questo crucial para a vida nas cidades. Nele, destaca-se a necessidade de
(ENEM PPL - 2016) A carreira nas alturas A gua est no joelho dos profissionais do mercado. As fragilidades na formao em Lngua Portuguesa tm alimentado um campo de reciclagem em Portugus nas escolas de idiomas e nos cursos de graduao para pessoas oriundas do mundo dos negcios. O que antes era restrito a profissionais de educao e comunicao, agora j faz parte da rotina de profissionais de vrias reas. Para eles, a Lngua Portuguesa comea a ser assimilada como uma ferramenta para o desempenho estvel. Sem ela, o conhecimento tcnico fica restrito prpria pessoa, que no sabe comunic-lo. Embora algumas atuaes exijam uma produo oral ou escrita mais frequente, como docncia e advocacia, muitos profissionais precisam escrever relatrio, carta, comunicado, circular. Na linguagem oral, todos tm de expressar-se de forma convincente nas reunies, para ganhar respeito e credibilidade. Isso vale para todos os cargos da hierarquia profissional-explica uma professora de Lngua Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da USP. NATALI, A. Revista Lngua, n. 63, jan. 2011 (adaptado). Nos usos cotidianos da lngua, algumas expresses podem assumir diferentes sentidos. No texto, a expresso a gua est no joelho remete
(ENEM PPL - 2016) Ainda os equvocos no combate aos estrangeirismos Por que no se reconhece a existncia de norma nas variedades populares? Para desqualific-las? Por que s uma norma reconhecida como norma e, no por acaso, a da elite? Por tantos equvocos, s nos resta lamentar que algumas pessoas, imbudas da crena de que esto defendendo a lngua, a identidade e a ptria, na verdade estejam reforando velhos preconceitos e imposies. O portugus do Brasil h muito distanciou-se do portugus de Portugal e das prescries dos gramticos, cujo servio s classes dominantes definir a lngua do poder em face de ameaas - internas e externas. ZILLES, A. M. S. In: FARACO, C. A. (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da lngua. So Paulo: Parbola, 2004 (adaptado). O texto aborda a linguagem como um campo de disputas e poder. As interrogaes da autora so estratgias que conduzem ao convencimento do leitor de que
(ENEM PPL - 2016) Chegou de Montes Claros uma irm da nora de tia Clarinha e foi visitar tia Agostinha no Jogo da Bola. Ela bonita, simptica e veste-se muito bem. [...] Ficaram todas as tias admiradas da beleza da moa e de seus modos polticos de conversar. Falava explicado e tudo muito correto. Dizia voc em vez de oc. Palavra que eu nunca tinha visto ningum falar to bem; tudo como se escreve sem engolir um s nem um r. Tia Agostinha mandou vir uma bandeja de uvas e lhe perguntou se ela gostava de uvas. Ela respondeu: Aprecio sobremaneira um cacho de uvas, Dona Agostinha. Estas palavras nos fizeram ficar de queixo cado. Depois ela foi passear com outras e lai aproveitou para lhe fazer elogios e comparar conosco. Ela dizia: Vocs no tiveram inveja de ver uma moa [...] falar to bonito como ela? Vocs devem aproveitar a companhia dela para aprenderem. [...] Na hora do jantar eu e as primas comeamos a dizer, para enfezar lai: Aprecio sobremaneira as batatas fritas, Aprecio sobremaneira uma coxa de galinha. MORLEY, H. Minha vida de menina: cadernos de uma menina provinciana nos fins do sculo XIX. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1997. Nesse texto, no que diz respeito ao vocabulrio empregado pela moa de Montes Claros, a narradora expe uma viso indicativa de
(ENEM PPL - 2016) Baio um ritmo popular da Regio Nordeste do Brasil, derivado de um tipo de lundu, denominado baiano, cujo nome corruptela. Nasceu sob a influncia do cantocho, canto litrgico da Igreja Catlica praticado pelos missionrios, e tornou-se expressiva forma modificada pela inconsciente influncia de manifestaes locais. Um dos grandes sucessos veio com a msica homnima, Baio (1946), de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. CASCUDO, C. Dicionrio do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998 (adaptado). Os elementos regionais que influenciaram culturalmente o baio aparecem em outras formas artsticas e podem ser verificados na obra
(ENEM PPL - 2016) o::... o Brasil... no meu ponto de vista... entendeu? o pas s cresce atravs da educao... entendeu? Eu penso assim... ento quer dizer... voc dando uma prioridade pra... pra educao... a tendncia melhorar mais... entendeu? e as pessoas... como eu posso explicar assim? as pessoas irem... tomando conhecimento mais das coisas... n? porque eu acho que a pior coisa que tem a pessoa alienada... n? a pessoa que no tem noo de na::da... entendeu? Trecho da fala de J. L, sexo masculino, 26 anos. In: VOTRE, S.; OLIVEIRA, M. R. (Coord.). A lngua falada e escrita na cidade do Rio de Janeiro. Disponvel em: www.discursoegramatica.letras.ufrj.br. Acesso em: 4 dez. 2012. A lngua falada caracteriza-se por hesitaes, pausas e outras peculiaridades. As ocorrncias de entendeu e n, na fala de J. L., indicam que
(ENEMPPL - 2016) Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros no esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multido movedia h giros estranhos, que no os deslocamentos normais do gado em marcha quando sempre alguns disputam a colocao na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trs, no coice da procisso. Eh, boi l!... Eh---eh, boi!... Tou! Tou! Tou... As ancas balanam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos e guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querncia dos pastos de l do serto... Um boi preto, um boi pintado, cada um tem sua cor. Cada corao um jeito de mostrar seu amor. Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dana doido, d de duro, d de dentro, d direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai no volta, vai varando... ROSA J. G. O burrinho pedrs. Sagarana. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1968. Prximo do homem e do serto mineiros, Guimares Rosa criou um estilo que ressignifica esses elementos. O fragmento expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois
(ENEMPPL - 2016) Parestesia no, formigamento Trinta e trs regras que mudam a redao de bulas no Brasil Com o Projeto Bulas, de 2004, voltado para a traduo do jargo farmacutico para a lngua portuguesa aquela falada em todo o Brasil e a regulamentao do uso de medicamentos no pas, cinco anos depois, o Brasil comeou a sair das trevas. O grupo comandado por uma doutora em Lingustica da UFRJ sugeriu Anvisa mudar tudo. Elaborou, tambm, A redao de bulas para o paciente: um guia com os princpios de redao clara, concisa e acessvel para o leitor de bulas, disponvel em verso adaptada no site da Anvisa. Diferentemente do que acontece com outros gneros, na bula no h espao para inovaes de estilo. O uso de frmulas repetitivas bem-vindo, d fora institucional ao texto, explica a doutora. A bula no pode abrir possibilidades de interpretaes ao seu leitor. Se obedecidas, as 33 regras do guia so de serventia genrica quem lida com qualquer tipo de escrita pode se beneficiar de seus ensinamentos. A regra 12, por exemplo, manda abolir a linguagem tcnica, fonte de possvel constrangimento para quem no a compreende, e recomenda: No irrite o leitor. A regra 14 prega um tom cordial, educado e, sobretudo, conciso: No faa o leitor perder tempo. Disponvel em: revistapiaui.estadao.com br. Acesso em: 24 jul. 2012 (adaptado). As bulas de remdio tm carter instrucional e complementam as orientaes mdicas. No contexto de mudanas apresentado, a principal caracterstica que marca sua nova linguagem o(a)
(ENEM PPL - 2016) Ao acompanharmos a histria do telefone, verificamos que esse meio est se mostrando capaz de reunir em seu contedo uma quantidade cada vez maior de outros meios - envio de e-mails, recebimento de notcias, msica atravs de rdio e mensagens de texto. Esta ltima funo vem servindo como suporte para uma nova forma de sociabilidade, o fenmeno do flash mob - mobilizaes relmpago, que tm como caracterstica principal realizar uma encenao em algum ponto da cidade. PAMPANELLI, G. A. A evoluo do telefone e uma nova forma de sociabilidade: o flash mob. Disponvel em: www.razonypalabra.org.mx. Acesso em: 1 jun. 2015 (adaptado). De acordo com o texto, a evoluo das tecnologias de comunicao repercute na vida social, revelando que
(ENEM PPL - 2016) Lisboa: aventuras tomei um expresso cheguei de foguete subi num bonde desci de um eltrico pedi um cafezinho serviram-me uma bica quis comprar meias s vendiam pegas fui dar a descarga disparei um autoclisma gritei c a r a! responderam-me p positivamente as aves que aqui gorjeiam nao gorjeiam [como l. PAES, J. P. A poesia est morta mas juro que no fui eu. So Paulo: Duas Cidades, 1988 No texto, a diversidade lingustica apresentada pela tica de um observador que entra em contato com uma comunidade lingustica diferente da sua. Esse observador um